quarta-feira, 11 de junho de 2008

Em Busca do Consolo Divino

Por Brenton Brown

"Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que , como nós, passou por todo tipo de tentação, porém sem pecado. Assim aproximemo-nos do trono da graça como toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento de necessidade". (Hebreus 4.15-16 - NIV)
Há alguns anos, ao iniciar a minha jornada como líder de louvor nas Igrejas Vineyard da Inglaterra, eu comecei a prestar atenção ao que o Novo Testamento tinha a dizer sobre adoração. Tendo crescido em meio a uma cultura de adoração que a maioria de nós considerava como certa, eu fiquei maravilhado ao descobrir que surpreendentemente nada daquilo que consideramos como sendo a adoração formal é encontrada na Igreja do Novo Testamento. Não encontramos nada sobre violões, ou "períodos" de louvor de meia hora de duração. Pelo contrário, a ênfase parece estar em Deus e naquilo que Ele tem feito. E lemos ainda sobre como devemos viver em resposta a tudo isso.
Em Colossenses, Paulo manda que nos encorajemos com salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando a nossa gratidão a Deus. No Apocalipse, vemos relances da comunidade celestial formada por homens, anjos e seres espirituais cheios de adoração, gratidão e alegria para com Deus. E aqui, no livro de Hebreus, somos estimulados a nos aproximarmos confiantemente ao nosso Deus, sempre que precisarmos. Todos esses aspectos da adoração (gratidão, lembrança, declarar a bondade de Deus e pedir sua ajuda) nos remetem aos temas encontrados no Antigo Testamento. Portanto, essa questão da "adoração de petição" tem uma boa base bíblica.
Nós vemos Davi, no Salmo 22, clamando a Deus (e até mesmo discutindo com ele) por ajuda. Nós vemos Jesus na cruz orando da mesma forma a Deus (Mateus 27.46). Nós testemunhamos os salmistas repetidamente clamando a Deus por ajuda e conforto de certas maneiras que nos deixam desconfortáveis (veja o Salmo 80). Esses audaciosos pedidos por ajuda parecem fazer com que a nossa compreensão de Deus como "o bom pastor", através do qual "nada me faltará", fique restrita ao Salmo 23. E ainda no Antigo Testamento vemos referências curtas de adoração na frase "invocai o nome do Senhor" (Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome [Isaías 12.4]).
Parece-me que historicamente o povo de Deus costuma precisar da ajuda de Deus. Ele, por sua vez, tem uma grande tradição em nos ajudar. Mas continuamos lutando com essa idéia. Será que realmente podemos pedir ajuda a Deus? Será que realmente queremos isso? A verdade é que o nosso relacionamento com Deus é muito mais pessoal e vulnerável do que gostaríamos que fosse. Não seria muito melhor se Deus pudesse nos salvar, curar e libertar de uma vez por todas para que nunca mais precisássemos passar pelo humilhante processo de ter que pedir sua ajuda? Mas não é assim que as coisas funcionam. E é esse mistério que nos leva a uma das mais vulneráveis e sinceras orações da Bíblia. O nosso relacionamento com Deus não é como o de um banqueiro e seu cliente, mas sim como de um pai e seu filhinho ou um marido e sua esposa. E a linguagem dos pedidos reflete isso. Deus, se você é tão bom e tão presente, onde está você agora? Esse não é um diálogo entre pessoas refinadas e que são estranhas entre si. Esse é um diálogo que usa a linguagem da paixão, do amor e do relacionamento. Deus está cuidando, salvando e amando, mas muitas vezes estamos passando por momentos de necessidade, vulnerabilidade e precisando de ajuda. Isso faz com que os momentos de gratidão e ação de graças sejam muito mais significativos e cheios de esperança celestial do que tudo o que nos foi prometido. E isso também torna a nossa adoração muito mais autêntica. Essas são as músicas de pessoas de verdade, passando por verdadeiras situações de perigo, clamando pela ajuda de um verdadeiro Deus!
Naturalmente, como os seguidores mais maduros de Jesus devem saber, nós nem sempre estamos cientes dessas características constantes e infalíveis de Deus. E nós passaremos por tempos de verdadeira necessidade e algumas vezes de uma dor profunda. Entretanto, com todas as nossas músicas de louvor e gratidão não vamos deixar que essa oportunidade de receber ajuda e conforto do nosso Deus escapem pelos nossos dedos. A salvação é um processo. Um dia todas as nossas lágrimas serão enxugadas e não haverá mais morte, nem lamento, nem choro ou dor, e até que as coisas antigas passem completamente, haverá lágrimas e dor. Mas até lá nós temos um Deus que é rico em misericórdia e pronto a nos ajudar e a nos confortar em nossos problemas. Então, vamos nos aproximar do seu trono com ousadia, cantando com gratidão e adoração as nossas necessidades!
Brenton Brown é líder de louvor na Inglaterra e compositor; suas músicas têm impactado grandemente a comunidade de adoradores dos dias atuais. "Reina em Mim" e "Santo" têm satisfeito uma necessidade essencial da Igreja por músicas que celebrem o Rei do Reino de Deus.
Tradução: Maurício A. Boehme

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